Olááá Leitores! Como vocês estão? Vocês estão bem? Espero que sim! Então gente... ULTIMO CAPITULO! Espero que vocês estejam tão ansiosos para ler quanto eu para escrever... Confesso que o final não é dos melhores, mas segunda feira a resenha será dessa historia de coloquei o nome carinhosamente de Entre Pontas :) Em fim, um beijo e uma boa leitura!
Cap. 19
Me ajoelhei e olhei ao redor do palco, as cadeiras vermelhas me
lembravam sangue, mas de algum modo tudo era cinza para mim, sem cor, sem
graça. Eu não queria mais um tempo, eu não queria ter a “sorte” de fazer alguém
ou alguma coisa me decepcionar novamente. Meu coração batia cada vez mais forte
e mesmo eu me perguntando se era isso mesmo que eu queria fazer, uma ponta de
culpa por deixar meus pais pinicava meu coração dolorido.
Mais batidas na porta, mas agora eram na porta central, a que ninguém
abria a não ser o diretor geral, meu tio. Mas ele não estava na escola, e eu
tinha quase certeza que não era ele. Pois a voz que gritava atrás da porta era
de Leo.
Leo, um menino sem coração que só pensava em si mesmo. Olhando sempre
para o próprio umbigo, mas ele não poderia fazer nada, era tarde de mais, e eu
tinha que entrar em ação.
Me levantei e corri para o camarim. Sabia que havia uma tesoura que as
bailarinas usavam para cortar as pontas das fitas de cetim por ali. Levantei
algumas pontas velhas que estavam de canto para caso de alguma emergência e
nada. Olhei a enorme estante, cheia de roupas para ensaios, e procurei em todas
as prateleiras. Nada. Olhei o sofá, mas nem me dei o trabalho de procurar por
lá, fui direto ao banheiro feminino, olhei em todos os compartimentos e nada
também, na pia, no banheiro masculino, no outro camarim, nada. Simplesmente
nada. Voltei ao palco quase gritando de ódio. Oque eu faria se eu não tivesse
visto minha mochila jogada de canto. Não lembrava de ter a trago comigo, mas
lembrei que nela havia o calmante e o antidepressivo que meu psiquiatra havia
me receitado a alguns meses, tinham apenas 5 comprimidos na tabela de calmante
que vinha com vinte e apenas dois na de antidepressivo. A dosagem certa era de
meio comprimido de cada a cada dois dias, a tarja preta cintilou em minha mão e
mais uma vez me perguntei se era isso que eu queria. Sim. Estava cansada se
sofrer, cansada de ter de sentir dor. Mais uma vez levantei o queixo e respirei
fundo. Liguei a musica o mais alto possível, até meus ouvidos começarem a doer,
voltei bem ao meio do palco, tirei todos os calmantes e os dois antidepressivos
da tabela e engoli todos de uma vez, em quanto eles desciam pela minha garganta,
ou Leo dizer que me amava, e mais uma vez o ódio bateu em meu peito como uma
bala de fuzil perfurando minha pele.
A esse ponto, eu estava desesperado, a pessoa que eu amava, estava
presa, sozinha em um estúdio que ninguém estava conseguindo acessar. Liguei a
todas as pessoas parentes de Bia e agora o diretor geral estava tremendo em
quanto abria a pesada porta central do estúdio de dança. Alguns alunos do
ballet estavam sem entender nada e eu conseguia ouvir as bailarinas falando
hipóteses do que podia estar acontecendo. “Dizem que ela está trancada ai dês
do começo das aulas, por que viu o namorado dela com outra garota. Que dó de
Bia!”, “estão achando que ela se matou, por que estava com depressão”, queria
gritar com elas, dizer que tudo não passava de um mal entendido. Mas eu estava
em choque total. Os pais de Bia me olhavam como se eu fosse algum tipo de
criminoso, e a mãe de Bia já havia vindo gritar comigo mais cedo, me chamou de
estúpido e idiota, mas com o meu desespero eu nem dei bola para ela, dei as
costas e ouvi o ultimo xingamento que saiu de sua boca “inconsequente”.
“Por favor, não e deixe passar por isso de novo. Não com Bia, por favor,
por favor” Fazia uma prece silenciosa em quanto lembrava do que havia
A porta se abriu e nesse instante o diretor geral, um homem muito culto,
entrou correndo em direção ao corredor que dava ao palco geral. Entrei em
segundo e não conseguia parar de correr até chegar a metade do corredor, quando
a imagem de bia caída no meio do palco se formou diante dos meus olhos. Ela
estava com o a roupa de ballet e em seus pés a pontas cor-de-rosa caiam
graciosamente uma em cima da outra. Parecia que ela estava dormindo, se ela ao
menos se mexesse. Cai de joelhos e não segurei as lágrimas que caíram. A culpa
tomou todo o meu corpo e eu queria sumir. Simplesmente cavar um buraco até o
núcleo da terra e deixar a lava tomar meu corpo. Ouvi a mãe de Bia e algumas
outras garotas gritarem, e eu senti em quanto seu corpo passava correndo em
direção ao palco. Coloquei as mãos no rosto, para tentar esconder a vergonha
que estava sentindo. Ela se matou por minha causa, e eu não precisava que me
falassem que a culpa era minha, pois ela já estava estampada em todas as partes
de meu corpo. Levantei e cambaleei até o palco, onde a mãe de Bia segurava sua
mão que estava pálida, ela gritava em quanto chorava, e eu queria fazer o
mesmo, libertar toda essa dor e culpa que se acumulava dentro de mim. Me
ajoelhei ao lado de seu tórax e vi que debaixo de suas costas havia duas
tabelas de comprimidos. Os tirei de lá e os coloquei de lado. Minha visão
estava embaçada e eu não via direito que se acumulava ao meu redor. Passei a
mão pelo rosto frio de Bia e a mãe dela deu um tapa em minha mão e se levantou.
- SAIA DAQUI – Ela gritava comigo – VOCÊ NÃO MERECE ESTAR AQUI. SAIA
AGORA OU... OU... – Ela foi para cima de mim e começou a me bater, mas foi
interrompida por alguém que segurou seu braços.
- Chamem uma ambulância! – O diretor gritava. – AGORA!
Eu queria morrer. Aquilo era de mais para mim. Era muito chocante. “Ela
se matou” eu não parava de repetir essa frase, “ela se matou, ela se matou por
minha culpa”. O buraco em meu peito era tão grande que eu sentia que um
caminhão poderia passar por ele.
Não valia mais apena viver. Não valia mais a pena. Era um fato da via
que talvez muitos tenham entendido o por que, mas aquilo não era um obstáculo
em minha vida. Pessoas morriam o tempo todo, inclusive a quela que eu amava.
Inclusive minha irmã, que morrera do mesmo jeito que Bia. Luisa era o nome dela,
era minha gêmea, e fomos muito apegados, até que a depressão tomou conta dela,
por ela ter parado de fazer uma coisa que gostava, dançar, e de mim também por
ver minha irmã tão mal, ela tomava remédios controlados e vivia o dia em na
cama, olhando para o teto, até que um dia ela não saiu do quarto para almoçar
nem tomar café da manha. Ela tomou todos seus antidepressivos e morreu em
quanto dormia. Por isso me mudei, eu e minha mãe não suportávamos viver mais
naquela casa, quando conheci Bia nunca imaginava que esse seria o final de sua
história. Nem o de minha irmã. Ela e Luisa seriam boas amigas, talvez elas se
encontrassem no céu. Talvez, agora, Bia poderia ficar com Carol. Mas esse seria
outro final. Outra história. Talvez até com um final feliz. Mas apenas talvez.
Pois eu ainda tinha um caminho a seguir, porem, agora, sem Bia.
Epílogo
Não poderia se dizer que Bia teve um lindo enterro, pois nunca era lindo
se despedir de entes queridos para sempre. Havia muito choro e uma duzia apenas
de pessoas. E por incrível que pareça, Anastácia havia comparecido. Ela não
estava feliz por ver que Bianca havia se matado, porem não conseguia parar de
pensar que agora, Leo podia ser finalmente dela. Ela sabia da aposta a poucos
dias, e não estava mais afim de pegar Leo para ela. Porem, com esse ocorrido,
talvez Leo quisesse ficar com ela novamente. Agora sem um estorvo na frente
como dizia Anastácia. A mãe de Carol não saia do lado da mãe de Bia. E no fundo
das cadeiras, na ultima fileira, atrás do caixão, Leo sentava sozinho, em
quanto segurava uma ponta nova, que colocou ao lado das mãos de Bia, que tinha
uma face serena, como se realmente estivesse dormindo. Saiu assim que fez isso.
Caminhou até o Starbucks e ficou sentado o resto da tarde tomando café com
leite, bem quente. O dia chovia e o sino agudo na porta tocou, os passos rápidos
sugeriam que a pessoa estava apenas fugindo da chuva. Leo, que estava com as
mão no rosto em quanto a barba rala crescia em volta de sua boca, sentiu uma
movimentação em sua mesa. Tirou as mãos do rosto e deu de cara com uma garota
loira e de olhos castanhos, vestida de bailarina, toda encharcada, muito
parecida com uma pessoa com que ele conhecia. Ele não ligava mais para aquela
aposta idiota, e até mudou de escola. A menina sorriu, mas ele continuou serio,
apreciando a beleza da menina.
- Oi! – Ela disse alegre em quanto estendeu a mão para cumprimentar Leo.
– Meu nome é Beatriz, mas pode me chamar de Bia! Eu te vi na minha escola esses
dias! Na verdade você é da minha classe, não quis puxar conversa por que você
sempre parecia cansado, mas... bem, eu vou parar de falar. – E pela primeira
vez ele sorriu. E começou a conversar com a garota que fazia ballet dês dos
cinco anos.
Era bom pensar que ao menos uma pessoa dessa história, teve um final
feliz, ao menos Leo, conseguiu seguir em frente. Mas ainda acordava a noite aos
berros, lembrando do corpo de Bianca estendido no centro do palco.
Mas a vida era assim. Algumas pessoas saiam do caminho de sua vida, e
outras entravam e seu lugar das passadas. Era uma caminhada difícil e sempre havia
desafios e pedras que impediam momentaneamente sua caminhada. Os dias passaram
sem que o nome de Bianca fosse mencionado, até que um dia, ninguém mais
lembrava da mera Bianca. Apenas no coração de uma pessoa, que se sentia culpado
por ter feito o que havia feito. E nada,
nem ninguém podiam fazer alguma coisa.
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